From the memory of the objects to the memory of the body

RESEARCH ON THE INVISIBLE OF PRACTICE
HABIT, REPETITION AND VARIATION

Research project - Ph.D.

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work-in-progress

  • Notas de apresentação do projecto em curso

    “A experiência torna-se objecto de experimentação. Ao mesmo tempo, o sujeito projecta-se nele, como se o movimento do fenómeno coincidisse com o movimento do pensamento. Isto oferece à nova experiência construída uma extraordinária proximidade, ou mesmo fusão com o sujeito, o qual, no entanto, conserva a possibilidade de modular a sua distância com o objecto - permitindo desta forma observá-lo de diferentes pontos de vista [...]”
    José Gil, in «Caos e Ritmo», p.367.

    Cada ramo de uma árvore é uma mão, que se estende para oferecer ajuda.
    As linhas, sombras e manchas que vemos quando fechamos os olhos mais parecem vislumbres de pequenas percepções visuais cujas formas tentamos reproduzir numa folha de papel com a esperança de poderem, no desenho, significar alguma coisa. Podemos entendê-las de outra maneira: como se os olhos fechados quisessem guardar a memória dos traços visíveis antes vistos.

    Que olhos são estes? Que corpo é este? que "guarda" linhas e sombras no escuro depois destas desaparecerem?

    É certo que essas linhas, sombras e manchas têm uma explicação científica. Porém, há outra explicação possível, outro ponto de vista que pode ser assumido relativamente a esta experiência — enquanto, precisamente, é de uma experiência que se trata.  Com efeito, é através desta experiência, da repetição deste gesto de abrir e fechar os olhos que surgem — sem localização determinada, com uma presença efémera, transitória — linhas, sombras e manchas luminosas em fundo negro. Esses corpos flutuantes provocam outra forma de presença que rapidamente se transforma em ausência. Abrem-se e fecham-se os olhos. Suspende-se a explicação cientifica da fototransdução e abrem-se campos na nossa experiência interior a novos entendimentos sobre essas formas de contornos diversos que nos activam memórias.
    O centro do projecto é pensar a memória do corpo sedimentada na memória dos lugares, dos objectos, dos movimentos, dos sons e cheiros, na metáfora das palavras. Decide-se abordar o tema recorrendo ao nosso horizonte teórico e artístico, articulando-os a partir da parte teórica. Ou seja, o que motiva este projecto são acontecimentos vividos de que resulta a possibilidade de os manter presentes numa memória que pode ser pensada simultaneamente pelo lado do corpo e dos objectos, através de imagens visuais construídas.
    Pretende-se testar a ideia num horizonte da Arte Contemporânea, num duplo sentido: ver se o que foi pensado já foi completamente pensado e se daquilo que foi pensado ainda resta alguma coisa para ser observado, demonstrado, através de ensaios experimentais que eventualmente só no espaço da arte passem a ser visíveis. Estes dois pontos de vista reforçam verdadeiramente um lugar de fronteira teórico entre a Filosofia e a Arte Contemporânea, entre as reflexões e trabalhos de filósofos, investigadores e de artistas com o nosso próprio ensaio visual.
    No centro deste projecto, que se pretende situar em lugares de intercepção conceptual e artística, investiga-se a ideia de corpo, a ligação incarnada aos objectos e a vivência espacial da memória.
    Os hábitos do corpo, inscritos nos objectos e atmosferas, são o que completa a memória do corpo. É este enigma que exploraremos teoricamente e investigaremos nos nossos ensaios visuais. Deste modo, julgamos ser possível, a partir de algumas linhas, sombras e manchas, construir uma ideia que inicie o projecto de investigação que se pretende realizar.

    Palavras-chave: Hábito, repetição, variação, objectos, atmosferas, corpo, memória.

  • O jogo da fototransdução¹.

    Os ensaios/experiências que fomos desenvolvendo começaram por ser os primeiros sinais que dariam sentido à possibilidade de a partir delas se conseguir estruturar, desenvolver e acabar por construir um projecto fundamentalmente teórico, mas que fosse demonstrado por ensaios visuais que desejávamos elaborar.
    A fototransdução traduz um fenómeno com origem na transmissão de um sinal fotoquímico através de membranas celulares. A conversão da luz num sinal eléctrico, através da absorção de um fotão de luz pelo segmento externo dos foto-receptores, dá início ao processo visual e corresponde à primeira fase da fototransdução. Assim, quando os fotões de luz atingem os foto-pigmentos inicia-se a cascata de fototransdução pela activação de um foto-receptor acoplado a uma proteína G. É este processo que está na origem das linhas, sombras e manchas que observamos quando fechamos os olhos, e que pelo seu atraso temporal, já são passado porque elas resultam de uma fototransdução que já ocorreu. São por isso uma memória visual.
    A suspensão da explicação científica da fototransdução permite agir directamente sobre essas primeiras linhas, sombras e manchas. Só mais tarde, segundos depois, essas primeiras imagens revelam memórias e com elas surge a possibilidade de sermos envolvidos por uma atmosfera que transforma uma linha ou uma mancha inicialmente abstractas em sombras outras.

    —-¹ Vide, https://spoftalmologia.pt/wp-content/uploads/2002/01/acta_oftam_n11_2001_pp.19 30. (Pdf consultado em 24.08.20121). Trata-se de um artigo publicado na Acta Oftalmológica 11; 19-30, 2001 de A. Rocha Sousa.

  • Sombras outras

    O que desejamos neste projecto é, a partir desse outro ponto de vista, o que transcende a explicação científica da fototransdução, interrogar as linhas, sombras e manchas e as formas que elas produzem para, assim, podermos explorar variações no mundo das memórias do corpo.
    Sombras outras, podem ser, assim, vestígios não só de memórias, mas sobretudo das atmosferas que as acompanham. Começam por adquirir rastros de cor que se e sobrepõem às primeiras linhas. Tal como na memória, onde por vezes se “escava” na procura de uma recordação, nesta série de imagens, construídas com tinta acrílica aguada, a sobreposição de camadas de tinta, que mais não são que anotações, também guardam memórias. A memória de uma emoção quando a tinta que se espalhou era vermelha, para na camada seguinte surgir uma atmosfera mais fria no momento em que o vermelho se mistura com o negro. É neste carrossel de atmosferas que vamos construindo cada imagem. No final, em muitas ocasiões, apagaremos uma ou outra camada superior para tentar recuperar um pensamento mais antigo. 

  • Repetições em curso

    [...] REPETIR NUNCA É REPETIR.[...]
    Álvaro Siza, in «Imaginar a Evidência»

    Ao examinarmos as repetições e as suas variações, percebemos que o passado pode ressurgir, mas como? Sem dúvida, nunca será da mesma forma, assim como a repetição destas linhas nunca será igual. A impossibilidade de reviver os momentos vividos durante a infância, adolescência, maturidade ou velhice não nos impede de desejar a repetição de um ciclo temporal.
    Cada linha, cada sombra, cada mancha, traz consigo uma particularidade. Todas elas, pela sua espessura, comprimento, irregularidade, interrupção, transporta uma peculiaridade. À medida que se observam, surge uma nova percepção, uma nova reflexão. A nossa memória oscila entre a “realidade” e o que é um sonho, entre o invisível e o visível, entre o olhar melancólico e a ilusão gerada pela imaginação, entre o sonho e a alucinação. Após um longo período de observação de uma linha, sombra ou mancha, percebe-se o quanto essa imagem é vulnerável e efémera, bastando um movimento, um ligeiro desvio do olhar, um pestanejar, para que tudo se transforme.

  • Ensaios visuais

    #1 Fragments for an idea
    #2 Open the paths of habit and repetition
    #3 Proceed the route of all objects
    #4 Cross the paths of strange atmosphere
    #5 Follow the atmospheric absent body
    #6 Go to memory lane

    A divulgação dos ensaios visuais, em redes sociais ou exposições foram um teste à própria investigação artística. O contacto com o público testou o nosso trabalho e simultaneamente permitiu-nos perceber outras formas de pensar/reflectir os temas centrais do nosso trabalho, evitando, no limite, erros que pudéssemos cometer. Por isso, sempre que foi possível, em cada exposição, foi promovido um debate/talk que podem ser vistos na nossa página “Exhibitions
    O nosso projecto partindo de ideias fragmentadas, em que a colaboração de vários artistas acabou por unir algumas “pontas soltas”, foi aos poucos se expandindo e acabou por se direcionar para uma reflexão sobre a ideia de como a memória acaba por estar sempre ligadas a objectos, sons, lugares ou movimentos.
    Memória e recordação, tinham de ser conceitos de discussão alargada, e, por isso, a nossa opção de ir apresentando, ao longo deste percurso, fragmentos do projecto de investigação.

I N D E X

⤵ Anexo de imagens e vídeos ⤵ ⤵ Attachment of images and videos⤵

⤵ Anexo de imagens e vídeos ⤵ ⤵ Attachment of images and videos⤵

  • Notas de apresentação do projecto em curso

    “A experiência torna-se objecto de experimentação. Ao mesmo tempo, o sujeito projecta-se nele, como se o movimento do fenómeno coincidisse com o movimento do pensamento. Isto oferece à nova experiência construída uma extraordinária proximidade, ou mesmo fusão com o sujeito, o qual, no entanto, conserva a possibilidade de modular a sua distância com o objecto - permitindo desta forma observá-lo de diferentes pontos de vista [...]”
    José Gil, in «Caos e Ritmo», p.367.

    Cada ramo de uma árvore é uma mão, que se estende para oferecer ajuda.
    As linhas, sombras e manchas que vemos quando fechamos os olhos mais parecem vislumbres de pequenas percepções visuais cujas formas tentamos reproduzir numa folha de papel com a esperança de poderem, no desenho, significar alguma coisa. Podemos entendê-las de outra maneira: como se os olhos fechados quisessem guardar a memória dos traços visíveis antes vistos.

    Que olhos são estes? Que corpo é este? que "guarda" linhas e sombras no escuro depois destas desaparecerem?

    É certo que essas linhas, sombras e manchas têm uma explicação científica. Porém, há outra explicação possível, outro ponto de vista que pode ser assumido relativamente a esta experiência — enquanto, precisamente, é de uma experiência que se trata.  Com efeito, é através desta experiência, da repetição deste gesto de abrir e fechar os olhos que surgem — sem localização determinada, com uma presença efémera, transitória — linhas, sombras e manchas luminosas em fundo negro. Esses corpos flutuantes provocam outra forma de presença que rapidamente se transforma em ausência. Abrem-se e fecham-se os olhos. Suspende-se a explicação cientifica da fototransdução e abrem-se campos na nossa experiência interior a novos entendimentos sobre essas formas de contornos diversos que nos activam memórias.O centro do projecto é pensar a memória do corpo sedimentada na memória dos lugares, dos objectos, dos movimentos, dos sons e cheiros, na metáfora das palavras. Decide-se abordar o tema recorrendo ao nosso horizonte teórico e artístico, articulando-os a partir da parte teórica. Ou seja, o que motiva este projecto são acontecimentos vividos de que resulta a possibilidade de os manter presentes numa memória que pode ser pensada simultaneamente pelo lado do corpo e dos objectos, através de imagens visuais construídas.
    Pretende-se testar a ideia num horizonte da Arte Contemporânea, num duplo sentido: ver se o que foi pensado já foi completamente pensado e se daquilo que foi pensado ainda resta alguma coisa para ser observado, demonstrado, através de ensaios experimentais que eventualmente só no espaço da arte passem a ser visíveis. Estes dois pontos de vista reforçam verdadeiramente um lugar de fronteira teórico entre a Filosofia e a Arte Contemporânea, entre as reflexões e trabalhos de filósofos, investigadores e de artistas com o nosso próprio ensaio visual.
    No centro deste projecto, que se pretende situar em lugares de intercepção conceptual e artística, investiga-se a ideia de corpo, a ligação incarnada aos objectos e a vivência espacial da memória.Os hábitos do corpo, inscritos nos objectos e atmosferas, são o que completa a memória do corpo. É este enigma que exploraremos teoricamente e investigaremos nos nossos ensaios visuais. Deste modo, julgamos ser possível, a partir de algumas linhas, sombras e manchas, construir uma ideia que inicie o projecto de investigação que se pretende realizar.

    Palavras-chave: Hábito, repetição, variação, objectos, atmosferas, corpo, memória.

  • O jogo da fototransdução¹.

    Os ensaios/experiências que fomos desenvolvendo começaram por ser os primeiros sinais que dariam sentido à possibilidade de a partir delas se conseguir estruturar, desenvolver e acabar por construir um projecto fundamentalmente teórico, mas que fosse demonstrado por ensaios visuais que desejávamos elaborar.
    A fototransdução traduz um fenómeno com origem na transmissão de um sinal fotoquímico através de membranas celulares. A conversão da luz num sinal eléctrico, através da absorção de um fotão de luz pelo segmento externo dos foto-receptores, dá início ao processo visual e corresponde à primeira fase da fototransdução. Assim, quando os fotões de luz atingem os foto-pigmentos inicia-se a cascata de fototransdução pela activação de um foto-receptor acoplado a uma proteína G. É este processo que está na origem das linhas, sombras e manchas que observamos quando fechamos os olhos, e que pelo seu atraso temporal, já são passado porque elas resultam de uma fototransdução que já ocorreu. São por isso uma memória visual.
    A suspensão da explicação científica da fototransdução permite agir directamente sobre essas primeiras linhas, sombras e manchas. Só mais tarde, segundos depois, essas primeiras imagens revelam memórias e com elas surge a possibilidade de sermos envolvidos por uma atmosfera que transforma uma linha ou uma mancha inicialmente abstractas em sombras outras.

    —-¹ Vide, https://spoftalmologia.pt/wp-content/uploads/2002/01/acta_oftam_n11_2001_pp.19 30. (Pdf consultado em 24.08.20121). Trata-se de um artigo publicado na Acta Oftalmológica 11; 19-30, 2001 de A. Rocha Sousa.

  • Sombras outras

    O que desejamos neste projecto é, a partir desse outro ponto de vista, o que transcende a explicação científica da fototransdução, interrogar as linhas, sombras e manchas e as formas que elas produzem para, assim, podermos explorar variações no mundo das memórias do corpo.
    Sombras outras, podem ser, assim, vestígios não só de memórias, mas sobretudo das atmosferas que as acompanham. Começam por adquirir rastros de cor que se e sobrepõem às primeiras linhas. Tal como na memória, onde por vezes se “escava” na procura de uma recordação, nesta série de imagens, construídas com tinta acrílica aguada, a sobreposição de camadas de tinta, que mais não são que anotações, também guardam memórias. A memória de uma emoção quando a tinta que se espalhou era vermelha, para na camada seguinte surgir uma atmosfera mais fria no momento em que o vermelho se mistura com o negro. É neste carrossel de atmosferas que vamos construindo cada imagem. No final, em muitas ocasiões, apagaremos uma ou outra camada superior para tentar recuperar um pensamento mais antigo. 

  • Repetições em curso

    [...] REPETIR NUNCA É REPETIR. [...]
    Álvaro Siza, in «Imaginar a Evidência»

    Ao examinarmos as repetições e as suas variações, percebemos que o passado pode ressurgir, mas como? Sem dúvida, nunca será da mesma forma, assim como a repetição destas linhas nunca será igual. A impossibilidade de reviver os momentos vividos durante a infância, adolescência, maturidade ou velhice não nos impede de desejar a repetição de um ciclo temporal.
    Cada linha, cada sombra, cada mancha, traz consigo uma particularidade. Todas elas, pela sua espessura, comprimento, irregularidade, interrupção, transporta uma peculiaridade. À medida que se observam, surge uma nova percepção, uma nova reflexão. A nossa memória oscila entre a “realidade” e o que é um sonho, entre o invisível e o visível, entre o olhar melancólico e a ilusão gerada pela imaginação, entre o sonho e a alucinação. Após um longo período de observação de uma linha, sombra ou mancha, percebe-se o quanto essa imagem é vulnerável e efémera, bastando um movimento, um ligeiro desvio do olhar, um pestanejar, para que tudo se transforme.

  • Ensaios visuais

    #1 Fragments for an idea
    #2 Open the paths of habit and repetition
    #3 Proceed the route of all objects
    #4 Cross the paths of strange atmosphere
    #5 Follow the atmospheric absent body
    #6 Go to memory lane

    A divulgação dos ensaios visuais, em redes sociais ou exposições foram um teste à própria investigação artística. O contacto com o público testou o nosso trabalho e simultaneamente permitiu-nos perceber outras formas de pensar/reflectir os temas centrais do nosso trabalho, evitando, no limite, erros que pudéssemos cometer. Por isso, sempre que foi possível, em cada exposição, foi promovido um debate/talk que podem ser vistos na nossa página “Exhibitions
    O nosso projecto partindo de ideias fragmentadas, em que a colaboração de vários artistas acabou por unir algumas “pontas soltas”, foi aos poucos se expandindo e acabou por se direcionar para uma reflexão sobre a ideia de como a memória acaba por estar sempre ligadas a objectos, sons, lugares ou movimentos.
    Memória e recordação, tinham de ser conceitos de discussão alargada, e, por isso, a nossa opção de ir apresentando, ao longo deste percurso, fragmentos do projecto de investigação.

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